Era uma vez uma garota que acredita em contos de fadas e em belos romances, que sonha com seu príncipe, com dragões e gnomos.
Que conversa com fantasmas e que tem seus próprios fantasmas.
Mas que tem os pés bem ancorados ao chão.
Era uma vez uma garota, não muito comum, para alguns exótica, para outros misteriosa, ou diferente.
Era uma vez uma garota, que passou por muita coisa, e foi mais além do que pensou que podia.
Era uma vez uma garota que tropeça, cai, levanta. E que desfilou na passarela, quebrou o salto, riu e consertou seus sapatos.
Era uma vez uma garota que quer conhecer o mundo, e que ainda espera e sonha por isso.
Que enfeitiça quadros e devorava livros.
Que gosta de brincar com palavras.
Era uma vez uma eterna sonhadora.

Inconsciente

Na meia-luz, tentáculos de sombra
me seduzem amargamente,
sussurram meus enigmas
e sorriem como o gato listrado de Alice.
Corre, corre, corre Coelho!
Os tentáculos irão lhe alcançar!
Espere! Estou curiosa.
Não sou a Rainha das Cartas,
Mas a cartada final é minha;
Será?
Chapeleiro, me passe a xícara de chá.

Felicidade Completa

A felicidade eterna, realmente existe?
“... E foram felizes para sempre”?
Não, acho que não. E nem deveria.
Seria utópico acreditar.

A vida é feita de momentos,
uns alegres, outros, nem tanto.

Momentos,
de intensa e completa felicidade,
em que os problemas tornam-se irrelevantes,
únicos e inesquecíveis momentos.

Momentos,
de dor e introspecção,
de movimentos e mudanças,
únicos e inesquecíveis momentos.

Ambos são mais do que necessários.
Pois esses momentos nos fazem desejar mais,
que dão sentido à vida,
que nos impulsionam a traçar metas.

Os maus momentos nos fazem desejar os bons.
Movimentando-nos a buscar por novos.
Os bons momentos, sempre queremos repeti-los.
Para sentir, mais uma vez, felicidade completa.

Uma felicidade completa existe,
e é muito mais significativa do que a eterna,
porque há conquistas e mudanças, transcendência,
e não o marasmo do “... E foram felizes para sempre”.

Personas

Sou uma fada.
Que vive de sonhos e fantasias.
Uma fada pequena com asas enormes.
De olhos brilhantes e inocentes.

Sou uma vampira.
Despertando apenas á noite.
Poderosa vilã que vive nas sombras.
Com um olhar misterioso e sedutor.

Sou um fantasma.
Que desliza silenciosa e invisível em casa.
Que diz a verdade da forma mais fria.
Olhando tudo, melancólica e cansada.

Sou uma esfinge.
Um enigma para mim e para os outros.
Vou me devorando e devorando-os aos poucos.
Vesga.

Sou um pegasus.
Que pode voar alto e correr no chão.
Que dá formato às nuvens, mas tropeça em pedras.
Que pode ver o possível, e também o impossível.

Sou uma fênix.
Que morre no fogo e renasce das cinzas.
Que muda e se reconstrói do nada.
Com olhos velhos e novos olhares.

Sou uma louca.
Com os braços presos numa camisa de força.
Que viaja e não sai do lugar.
E olhos que enxergam para dentro.

Sou um relógio.
Com ponteiros desregulados.
Os minutos passam rápido e as horas se arrastam.
Pisco, “tic”, pisco, “tac”.

E eu sou.
E também não sou, vou misturando.
Sendo e deixando de ser.
Com olhos coloridos e dispares.

Interrogação

Onde saímos da estrada?
Onde não vemos a placa?
Onde bati meu carro?
Eu não tenho um mapa.
Guardo os pontos de referencia.
Acho que anotei algo errado.
Vou rasgar minhas poesias.

Fênix

Nua.
Sentindo meus pés descalços sob as pedras.
Há quanto tempo?
Finalmente sinto, de verdade.
Meus pés doem.
O ar abafado, carregado de poeira,
acoita o meu corpo.
Há quanto tempo?
Sufoca-me.
Minha garganta seca.
Um vento frio, com cheiro de chuva,
toca em mim.
As gotas de chuva vêem como lágrimas,
lavam meu corpo,
Abro meus olhos.
Estou vestida de quimeras.
Há quanto tempo?
O que é real?
Um futuro dentro de uma bola de cristal?
Não, o escuro.
Não sei descrever o que vejo.
Não importa.
Só quero dar mais um passo para frente.
Sair deste lugar.
Uma fênix.

Águas profundas

Trancada num quarto branco.
Só.
Atormentada por quimeras.
O que eu sinto? Não sei,
vai além da minha razão.
Me afogo,
sufocada por meu mar,
tonta pelas ondas violentas,
quebrada, perdida,
presa pela maré.
Engulo água com sabor de lagrimas.
Angustia.
Quero emergir.
Minha vontade, ainda que fraca, se mostra.
Apenas uma mão consegue me alcançar.
Ele atravessa, me abraça e diz:
“Tudo vai ficar bem”.
E não importa o motivo,
ou se há mais de um.
O toque, a voz, a certeza.
Quero apenas ele.
Minha vontade desesperada,
e um amor quente,
é o que me faz emergir.
As vezes tudo parece tão difícil.
Fantasmas, de toda natureza,
me perseguem.
Roubam minha energia.
Complexos e abstratos,
ou reais e imateriais.
Por quanto tempo carregarei tanto peso?
Eles vão e vêem, como ondas.
Ele me amanhece, me faz querer abrir os olhos,
me aquece, é meu sol.
Me ajuda á brilhar á noite
e a acalmar meu mar.

Partida em dois

Partida em dois.
Espeto o dedo na roca, me magôo.
Por que eu tento ser racional?
Porque finjo para mim?
Não sou razão.
Minha razão é hipócrita e covarde.
Meus sentimentos são loucos e inexplicáveis.
Minha razão é severa,
me coloca de castigo,
presa em meus próprios pensamentos,
numa queda de braço,
minha mente sabe as formas,
meu coração é mais forte.
Em cima do muro,
dos dois lados do muro,
e acabo caído do lado mais louco,
tentando escalar e pular para o outro,
mas paro quando chego em cima.
Dividida.
Estou em cima de um muro?
Estamos sempre em cima do muro?
Sempre buscando equilíbrio?
Não quero um muro,
Quero uma ponte,
para passear de ambos os lados,
sem a dor da queda,
sem esforço para escalar.
Quero ficar no meio e viver
ambos os lados.
Não há escolhas a serem feitas,
sou os dois.
Não é equilíbrio,
é harmonia.

Saudades

Nunca perca os sonhos,
não esqueça da magia.
As coisas transformam-se aos seus olhos.
Você não vê, pois você não acredita mais.
As cinzentas brumas o envolvem.
Não vê mais dia nem noite, tudo é igual, nublado.
As fadas viraram purpurina para você.
Porque você não acredita mais.
Tenho pena de sua vida monótona.
A mesma coisa a cada estação, tudo cinza.
E assim um arbusto perdeu as folhas,
e foi virando um galho seco.

O botão já virou uma rosa, de vermelho intenso e apaixonado.
E você nem viu.
Prefiro perder e recuperar pétalas e folhas,
ser tocada pelas fadas, ver estrelas.
Do que ser um galho seco,
que sutilmente vai sendo corroído pelo tempo,
sem sentir, até não restar nada.
Prefiro ser sacudida
por uma brisa morna num crepúsculo
e por uma gelada tempestade na primavera,
do que ser um galho seco,
imóvel, duro, sem vida.

Eu lamento, hoje, pelo galho,
era um belo arbusto onde moravam fadas.
O galho esta quase se partindo, sua madeira chia.
O galho ouve o próprio barulho, mas continua chiando.
Ele lembra que já foi um arbusto,
que já acreditou em magias e fadas.
Nem sabe quando as esqueceu e perdeu.
E ele coloca a culpa em pragas,
pragas da rosa e de outras flores.
A rosa lhe dá uma pétala e lhe mostra uma fada,
e ele nem tenta segurar ou conversar.
Continua chiando, chiando, chiando.

Uma poesia sobre o amor

Nem o meu mais belo sonho,
nem minha fértil imaginação,
conseguiram mensurar
o quanto eu seria capaz de amar.

Meus versos podem ser clichês, de rimas tortas,
sobre um tema desgastado,
isso não me inibe.
E meu coração nem usa mascaras.

Ele me inunda de beijos e belas palavras.
Bagunço seus cabelos e faço cafuné.
Conversamos sobre tudo e sobre nada.
As palavras nem são necessárias.

Colecionamos risos, histórias
e piadinhas particulares.
Compartilhamos sonhos e desejos.
Nem preciso dizer que amo você.

Nossa história é incomum,
poderia estar num filme,
uma comédia romântica com final feliz,
mas é a nossa vida.

Poesia confusa, de rimas tortas,
que não explicam nada.
Você deu um conto de fadas
á uma sonhadora com pés no chão.

Enigma do ser esfinge

“Decifre-me ou devoro-te”
Somos o mais difícil enigma,
e não toleramos respostas erradas e equívocos.
“Decifre-me ou devoro-te”
Outros acham que sabem tudo sobre nós
e que nós sabemos tudo sobre eles.
“Decifre-me ou devoro-te”
Achamos que nos conhecemos bem,
e que devemos conhecer tudo sobre o outro.
“Decifre-me ou devoro-te”
Ainda podemos nos esconder sob mascaras,
não sei nem se conheço seu verdadeiro rosto.
“Decifre-me ou devoro-te”
Sabemos da hipnótica verdade,
e continuamos com a mesma van filosofia.
“Decifre-me ou devoro-te”
Olhos de míopes,
num mundo enevoado.
“Decifre-me ou devoro-te”
Deveríamos desistir de decifrar por inteiro, o mutável.
Ser humano, ser complexo, ser esfinge.
“Decifre-me ou devoro-te”
Enigma impossível de resposta única e teligível,
então vamos devorando uns aos outros.

Dialogo com uma apaixonada

“Você acredita no amor e em contos de fada?”
“O quê??? Como assim você nunca acreditou?”
“Nada de príncipes, princesas, gnomos, unicórnios e finais felizes?”
“Claro... Ás vezes eu também duvidei que existisse, mas no fundo, nunca deixei de sonhar.”
“Inocente? Imatura? Iludida? Nunca!”
“Veja meus pés... Estão pisando no chão.”
“Vê essas cicatrizes curadas? Já andei por muitos lugares.
Vi problemas monstruosos.”
“Sim... Mesmo depois de tudo continuo acreditando!”
“Porque!!! Não parece obvio?”
“Porque só pode se tornar real se você acreditar ser possível...
Porque uma coisa não pode existir para você se a considera impossível...
Mesmo que ainda não a tenha visto ou enxergado.”
“Uma prova que tudo isso existe? Vejamos...
Você já viu um dinossauro?”
“Nunca? Estranho... Tem certeza? Parece que você já viu pelo menos um...”
“O quê? É mais fácil ver de novo dinossauros do que uma fada-madrinha?
Eles são monstros seculares já mortos, dos quais só restam os ossos!
São seus problemas mais antigos que podem estar subterrados bem fundo!
Mas que você, pelo que percebi, insiste em escavar e ficar apenas admirando!”
“Provado!”
“Acredita em mim agora?”
“Então trate de realmente ver, enxergar!
Seja otimista e não veja apenas o que agora sabe ser o resto do dinossauro!
Deixa a terra com o vento cobrirem! E vai caminhar mais!”
“O quê? Melhor ficar parada esperando?”
“Bem... Evita apenas pisar em espinhos... Deve ser bem monótono não conhecer outros caminhos... E isso também não impede dragões de aparecerem...
Então, vá caminhar, faça amizade com fadas, corra atrás dos trevos, tente desviar dos tais espinhos... Talvez encontre uns dragões... E quem sabe um belo matador de dragões para te ajudar?”

Futuro

Todos estamos defronte de um nevoeiro.
As nossas costas ficam o passado descoberto.
A névoa turva as estradas e os pés testam o caminho.
Tentamos sempre enxergar o além, alguns conseguem ver algo,
e se perguntam se será real ou fruto de sua imaginação doce ou dos seus medos.

Nada é exato através da névoa,
nossos olhos vislumbram horizontes de incertezas.
E o que move a vida é a curiosidade, a vontade, o querer tornar certo o antes incerto,
descobrir se o caminho que você escolheu é aquele que você projetou.
E se tropeçar e cair você pode encontrar, no chão, uma nova trilha que não tinha visto antes.

Grande futuro incerto, motor propulsor da vida.
...Mas às vezes eu gostaria de ter uma bola de cristal,
Ao mesmo tempo em que é difícil é maravilhoso não saber.
Há pessoas, príncipes e fadas que caminham comigo.
O que é aquele ser enorme e aquela luz vermelha-alaranjada mais adiante?

Escrevo no livro de minha vida uma página a cada dia,
a medida que atravesso e revelo o desconhecido por trás da névoa,
junto com a ansiedade das incertezas e as respostas ás perguntas.
Quando cheguei perto, vi que um dragão estava assando mashimelows,
e não lançando chamas e trazendo o caos.

Amontoado de palavras:

Árvore
Semente
Criação
Idéia
Pensamento
Imaginação
Descoberta
Horizontes
Viagem
Livro
Páginas
Folhas
Outono
Renovação
Natureza
Vida
Arte

A Morte e o Amor

Por mais clichê que seja...
a única certeza que temos, ao nascer, é a morte.
E a cada dia que passa morremos um pouco,
por isso devemos aproveitar cada dia,
pois o próximo nunca será igual,
por mais parecido e rotineiro que seja...
Afinal, cada dia gasto inutilmente,
é um dia menos que poderíamos ter vivido
e um dia a mais perto da morte.

Estudei a morte e o amor,
o suficiente para saber que o amor é a não morte.
É preciso amar algo ou alguém.
Amar é sinônimo de querer, de gostar;
não amar é entrar numa inércia, num coma profundo, num vazio,
que caracteriza a verdadeira morte.

Mas afinal, o que é a morte?
É o simples deixar de existir? Ou o não-amar?
Acho que ambos,
pois quem consegue viver, existir, sem amar algo ou alguém?

Cores Escondidas

Vivo no mundo real,
sujo de bitucas de cigarro e panfletos amassados,
de prédios altos, feios e cinzas.
Mas que também pode ter castelos encantados e coloridos.
E carruagens com unicórnios cor-de-rosa.

Um mundo com alma preto e branca.
Onde os relógios são digitais.
Mas há quem deseje ter mais, ver borboletas e acreditar em fadas.
E alguns, de fato, conseguem parar e vê-las.
E segurar balões vermelhos em formato de coração.

Voar não impede de ver o chão.
E para quem tem medo de se perder nas alturas,
é só prender o cavalo alado a uma ancora e a cordas elásticas,
e nunca deixe de sentir-se como um pássaro voando.
Quem apenas passeia de avião não curte o vento no rosto.

Sim, o mundo pode ser frio e ter alma preto e branca,
mas os corações podem ser quentes e pintados de colorido,
e os olhos podem captar todas as cores, basta aventurar-se.
Daí pode-se ver a magia das fadas e a flecha encantada do cupido.
E assim, fazer da vida uma aquarela.

... Depois daquela vez.

Amar apenas,
não foi a solução,
se sentir querida, sim, foi o caminho.
Não, não sou um fantasma,
apenas arrastei correntes pesadas sozinha,
sentindo seu peso,ouvindo seu ruído,
enquanto ninguém parecia perceber.
Depois me perdi e comecei a comer da maçã envenenada.

Os anões viram pedaços da maçã.
A Branca de Neve saiu do seu caixão,
e descobriu que, do lado de fora,
as pessoas notaram que ela estava presa,
e que havia um príncipe,
apaixonado por ela,
que lhes trouxe borboletas
e fez mágicas com seu coração.

O “meu” Grito de Munch se transformou
numa gargalhada gostosa.
Os belos dragões negros
resolveram me dar carona,
e não me ameaçam como problemas.
Descobrir que ao derrubar uma pedra de dominó,
não significa que todas as outras tem que cair.

Não que sombras não existam,
mesmo sendo manhã.
Afinal, nunca se pode acabar com as nuvens,
mas essas são ligeiras, insubstânciosas e ralas.
Meus olhos, antes, nublados e chuvosos,
agora refletem as borboletas brilhantes.

E o príncipe deu para mim,
a Branca de Neve,
um contos de fadas,
que eu nunca imaginei ser possível viver.
Ele me mostrou,
que seres mágicos também passeiam por aqui,
para quem acredita em finais felizes,
e não apenas nos meus livros, sonhos e desenhos.

O sol sempre nasce.
Meus pés flutuam,
mesmo que presos a ancora da realidade
As escuridões são tão curtas agora.
Meu céu é azul.
E quando chove,
logo depois consigo enxergar o arco-íris.

Foi uma vez...

Tudo esta vermelho.
Munch pintou um quadro para mim.
Meu grito é silencioso e intenso.

Meus dias são noites sem estrelas.
Tudo parece uma única noite sem fim,
e eu não consigo dormir, parece que nunca vai amanhecer.

Não vivo, apenas sinto,
apenas existo, apenas penso.
Sou um fantasma?

Minhas mãos estão cansadas,
minhas unhas estão quebradas
parece que não consigo segurar nada.

Tudo parece estar caindo, num efeito dominó.
Quero que as pedras de dominó parem de cair,
mas acho que estão arrumadas em fila, e uma derruba a seguinte.

Tem dragões negros no céu,
me parecem ameaçadores.
Eu gosto de dragões, mas não quero eles perto de mim.

Socorro! Onde eu estou?
Esse labirinto tem saída?
Não consigo enxergar.

Acho que eu me perdi.
Eu própria devo me encontrar, como?
Alguém consegue me enxergar?

Angustia

Às vezes eu quero simplesmente fugir,
não quero estar aqui.
Não quero sentir dor, não quero trazer dor.
Minha cabeça pesada de objetivos vazios.
Estou distante, num bosque escuro aos meus olhos,
com arvores negras, num pior estilo gótico.

Meu corpo se arrasta, pesado,
na minha garganta guardo um grito rasgado.
Pessoas passam ao meu lado,
como se estivessem em outra dimensão,
como fantasmas coloridos,
mas quem esta distante na verdade sou eu.

Amo estas pessoas, com tanta intensidade que dói.
Elas me amam também, deveriam?
Eu quero a alegria para elas.
Minha dor cega, por algo que não conheço nem vejo,
eu não quero para elas, escondo minha alma,
coloco uma mascara colorida e tento me misturar.

Sinto que vivo para elas,
para os belos e alegres fantasmas coloridos,
enquanto minha alma passeia pelo bosque escuro.
Será que seriam mais felizes sem mim?
Eu acho que não,
porque eu sei que este ser cheio de dor não é realmente eu.

Há tanta fome, alegria e vida em mim.
Eu não sou assim, meus sorrisos e risadas também são reais,
muito reais, como meus gemidos de prazer.
Eu amo a minha vida, não há nada de errado nela.
Meus objetivos não são vazios ou fúteis, há futuro.
Ninguém é um fantasma distante, as pessoas ou eu.

Sinto-me como um enigma, decifro-me ou devoro-me.
O que me faz sentir-se assim as vezes?
Não é o medo da lendária e monstruosa esfinge.
Pergunto: Angustia, de onde você veio?
Surpreendentemente ainda acredito em contos de fadas,
Será que uma bruxa má me lançou uma maldição?

Um dia eu consigo encontrar a arma ou coisa
que desencadeia essa “claustrofobia de mim”,
e a quebrarei com todas as forças,
e ganharei a guerra.
Por enquanto uso minha arma para vencer batalhas,
A ponta afiada de uma caneta.

“Falar pode aliviar dores emocionais” e
“Escrever é uma maneira de falar sem ser interrompido”,
Disseram dois poetas.
Minha caneta afiada risca o papel.
Sinto-me melhor agora,
boa sorte para mim.