Era uma vez uma garota que acredita em contos de fadas e em belos romances, que sonha com seu príncipe, com dragões e gnomos.
Que conversa com fantasmas e que tem seus próprios fantasmas.
Mas que tem os pés bem ancorados ao chão.
Era uma vez uma garota, não muito comum, para alguns exótica, para outros misteriosa, ou diferente.
Era uma vez uma garota, que passou por muita coisa, e foi mais além do que pensou que podia.
Era uma vez uma garota que tropeça, cai, levanta. E que desfilou na passarela, quebrou o salto, riu e consertou seus sapatos.
Era uma vez uma garota que quer conhecer o mundo, e que ainda espera e sonha por isso.
Que enfeitiça quadros e devorava livros.
Que gosta de brincar com palavras.
Era uma vez uma eterna sonhadora.

Águas profundas

Trancada num quarto branco.
Só.
Atormentada por quimeras.
O que eu sinto? Não sei,
vai além da minha razão.
Me afogo,
sufocada por meu mar,
tonta pelas ondas violentas,
quebrada, perdida,
presa pela maré.
Engulo água com sabor de lagrimas.
Angustia.
Quero emergir.
Minha vontade, ainda que fraca, se mostra.
Apenas uma mão consegue me alcançar.
Ele atravessa, me abraça e diz:
“Tudo vai ficar bem”.
E não importa o motivo,
ou se há mais de um.
O toque, a voz, a certeza.
Quero apenas ele.
Minha vontade desesperada,
e um amor quente,
é o que me faz emergir.
As vezes tudo parece tão difícil.
Fantasmas, de toda natureza,
me perseguem.
Roubam minha energia.
Complexos e abstratos,
ou reais e imateriais.
Por quanto tempo carregarei tanto peso?
Eles vão e vêem, como ondas.
Ele me amanhece, me faz querer abrir os olhos,
me aquece, é meu sol.
Me ajuda á brilhar á noite
e a acalmar meu mar.

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