Era uma vez uma garota que acredita em contos de fadas e em belos romances, que sonha com seu príncipe, com dragões e gnomos.
Que conversa com fantasmas e que tem seus próprios fantasmas.
Mas que tem os pés bem ancorados ao chão.
Era uma vez uma garota, não muito comum, para alguns exótica, para outros misteriosa, ou diferente.
Era uma vez uma garota, que passou por muita coisa, e foi mais além do que pensou que podia.
Era uma vez uma garota que tropeça, cai, levanta. E que desfilou na passarela, quebrou o salto, riu e consertou seus sapatos.
Era uma vez uma garota que quer conhecer o mundo, e que ainda espera e sonha por isso.
Que enfeitiça quadros e devorava livros.
Que gosta de brincar com palavras.
Era uma vez uma eterna sonhadora.

... Depois daquela vez.

Amar apenas,
não foi a solução,
se sentir querida, sim, foi o caminho.
Não, não sou um fantasma,
apenas arrastei correntes pesadas sozinha,
sentindo seu peso,ouvindo seu ruído,
enquanto ninguém parecia perceber.
Depois me perdi e comecei a comer da maçã envenenada.

Os anões viram pedaços da maçã.
A Branca de Neve saiu do seu caixão,
e descobriu que, do lado de fora,
as pessoas notaram que ela estava presa,
e que havia um príncipe,
apaixonado por ela,
que lhes trouxe borboletas
e fez mágicas com seu coração.

O “meu” Grito de Munch se transformou
numa gargalhada gostosa.
Os belos dragões negros
resolveram me dar carona,
e não me ameaçam como problemas.
Descobrir que ao derrubar uma pedra de dominó,
não significa que todas as outras tem que cair.

Não que sombras não existam,
mesmo sendo manhã.
Afinal, nunca se pode acabar com as nuvens,
mas essas são ligeiras, insubstânciosas e ralas.
Meus olhos, antes, nublados e chuvosos,
agora refletem as borboletas brilhantes.

E o príncipe deu para mim,
a Branca de Neve,
um contos de fadas,
que eu nunca imaginei ser possível viver.
Ele me mostrou,
que seres mágicos também passeiam por aqui,
para quem acredita em finais felizes,
e não apenas nos meus livros, sonhos e desenhos.

O sol sempre nasce.
Meus pés flutuam,
mesmo que presos a ancora da realidade
As escuridões são tão curtas agora.
Meu céu é azul.
E quando chove,
logo depois consigo enxergar o arco-íris.

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