Era uma vez uma garota que acredita em contos de fadas e em belos romances, que sonha com seu príncipe, com dragões e gnomos.
Que conversa com fantasmas e que tem seus próprios fantasmas.
Mas que tem os pés bem ancorados ao chão.
Era uma vez uma garota, não muito comum, para alguns exótica, para outros misteriosa, ou diferente.
Era uma vez uma garota, que passou por muita coisa, e foi mais além do que pensou que podia.
Era uma vez uma garota que tropeça, cai, levanta. E que desfilou na passarela, quebrou o salto, riu e consertou seus sapatos.
Era uma vez uma garota que quer conhecer o mundo, e que ainda espera e sonha por isso.
Que enfeitiça quadros e devorava livros.
Que gosta de brincar com palavras.
Era uma vez uma eterna sonhadora.

Saudades

Nunca perca os sonhos,
não esqueça da magia.
As coisas transformam-se aos seus olhos.
Você não vê, pois você não acredita mais.
As cinzentas brumas o envolvem.
Não vê mais dia nem noite, tudo é igual, nublado.
As fadas viraram purpurina para você.
Porque você não acredita mais.
Tenho pena de sua vida monótona.
A mesma coisa a cada estação, tudo cinza.
E assim um arbusto perdeu as folhas,
e foi virando um galho seco.

O botão já virou uma rosa, de vermelho intenso e apaixonado.
E você nem viu.
Prefiro perder e recuperar pétalas e folhas,
ser tocada pelas fadas, ver estrelas.
Do que ser um galho seco,
que sutilmente vai sendo corroído pelo tempo,
sem sentir, até não restar nada.
Prefiro ser sacudida
por uma brisa morna num crepúsculo
e por uma gelada tempestade na primavera,
do que ser um galho seco,
imóvel, duro, sem vida.

Eu lamento, hoje, pelo galho,
era um belo arbusto onde moravam fadas.
O galho esta quase se partindo, sua madeira chia.
O galho ouve o próprio barulho, mas continua chiando.
Ele lembra que já foi um arbusto,
que já acreditou em magias e fadas.
Nem sabe quando as esqueceu e perdeu.
E ele coloca a culpa em pragas,
pragas da rosa e de outras flores.
A rosa lhe dá uma pétala e lhe mostra uma fada,
e ele nem tenta segurar ou conversar.
Continua chiando, chiando, chiando.

Nenhum comentário: